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Justiça do MA recebe denúncia contra grupo acusado de esquema bilionário de venda de gado clandestino no Brasil

Imagens da operação 'Rei do Gado' Divulgação/Receita Federal A Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados do Tribunal de Justiça do Maranhão recebeu, ...

Justiça do MA recebe denúncia contra grupo acusado de esquema bilionário de venda de gado clandestino no Brasil
Justiça do MA recebe denúncia contra grupo acusado de esquema bilionário de venda de gado clandestino no Brasil (Foto: Reprodução)

Imagens da operação 'Rei do Gado' Divulgação/Receita Federal A Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados do Tribunal de Justiça do Maranhão recebeu, no dia 30 de outubro, uma denúncia do Ministério Público do Maranhão (MP-MA) contra cinco integrantes de um esquema de sonegação fiscal e fraudes sanitárias. O grupo é acusado de emitir notas fiscais eletrônicas avulsas (NFA-e) e Guias de Trânsito Animal (GTA) falsas. O esquema movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão. Os denunciados fazem parte do setor de escritório e contabilidade da organização criminosa. Eles respondem por crimes como falsificação de documentos, inserção de dados falsos em sistemas públicos, falsidade ideológica, corrupção ativa e organização criminosa. Segundo o MP-MA, o grupo manipulava o sistema da Secretaria da Fazenda do Maranhão (Sefaz-MA) e emitia documentos como Declarações Comprobatórias de Percepção de Rendimentos (Decore) com informações falsas, além de sonegar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do MA em tempo real e de graça Operação Rei do Gado Imagens da operação 'Rei do Gado' Divulgação/Receita Federal A quadrilha foi alvo da Operação Rei do Gado, deflagrada em julho de 2024 pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). A ação ocorreu no Maranhão e também nos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins e no Distrito Federal. O esquema movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão. Como desdobramento da operação, outras duas denúncias foram apresentadas. Ao todo, 44 pessoas foram denunciadas. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 67 milhões em bens, incluindo dinheiro em espécie e veículos. Como funcionava o esquema Operação do MP do Maranhão descobre esquema bilionário de venda de gado clandestino no Brasil As investigações, conduzidas pelo Gaeco e pela 3ª Promotoria de Justiça Regional de Defesa da Ordem Tributária e Econômica, revelaram que o grupo inseria dados falsos sobre quantidade de gado, idade e vacinação dos animais em sistemas oficiais. O objetivo era simular a existência de rebanhos em propriedades que não existiam ou que não comportavam o número de animais registrados. Esses documentos falsos permitiam o transporte de gado de origem ilícita, sem pagamento de impostos, para frigoríficos, principalmente em São Paulo. A organização, liderada por José Roberto de Castro Viana, emitiu notas fiscais e guias de trânsito com dados falsos para quase 500 mil bovinos. Servidores afastados da Aged Em outra decisão, a Justiça prorrogou por mais 90 dias o afastamento de seis servidores da Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (Aged), lotados em Açailândia. A medida foi tomada no dia 28 de outubro, após pedido do MP-MA, que alegou risco à investigação e à ordem pública caso os servidores voltassem ao trabalho. Segundo o Ministério Público, os servidores recebiam vantagens indevidas para colaborar com o esquema. Um deles teria recebido mais de R$ 304 mil em curto período, valor incompatível com sua remuneração. Ele também trocava mensagens com o líder da quadrilha sobre a criação de rebanhos fictícios em troca de dinheiro. De acordo com a denúncia, os servidores inseriam dados falsos nos sistemas Siapec e Sigama, simulando nascimentos, transferências e até acelerando a idade dos animais de forma fraudulenta. Além dos seis servidores, também foram denunciados quatro familiares de José Roberto e cinco prestadores de serviço que atuavam na parte operacional e na lavagem de dinheiro. A terceira denúncia, recebida pela Justiça em 4 de agosto de 2025, envolve 23 pessoas identificadas como “Compradores de Nota/Gado”. Risco à saúde pública As investigações também apontam que o esquema pode representar risco à saúde pública. Como a origem dos animais é desconhecida, há possibilidade de que sejam de criação clandestina, sem controle sanitário. Segundo o Gaeco, a fraude compromete a rastreabilidade da carne, o que afeta a segurança alimentar. “Não se está falando apenas sobre qualidade em termos de valor agregado, mas de segurança alimentar”, destaca a denúncia.