Brandão diz que autores de boatos sobre ataques serão punidos: 'não sei quem é pior, se os faccionados ou quem vende fake news'
Autoridades discutem segurança pública na Ilha em reunião no Palácio dos Leões O governador do Maranhão, Carlos Brandão (sem partido), afirmou nesta ter...
Autoridades discutem segurança pública na Ilha em reunião no Palácio dos Leões O governador do Maranhão, Carlos Brandão (sem partido), afirmou nesta terça-feira (28) em entrevista à TV Mirante, que os responsáveis por espalhar fake news sobre supostos ataques criminosos no estado serão punidos. A declaração foi dada após reunião no Palácio dos Leões, em São Luís, com representantes das forças de segurança, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública e Assembleia Legislativa para debater o combate à criminalidade no estado. “A gente está apurando isso de perto ( a disseminação de fake news) e a gente vai fazer as devidas punições após o resultado dessa apuração, que é uma apuração feita pelo sistema de inteligência da nossa segurança. Eu não sei quem é pior, se são os faccionados ou se são os que vendem essas fake news”, destacou. Onda de violência na Grande São Luís: veja o que se sabe até agora sobre os ataques Governador do Maranhão, Carlos Brandão (sem partido), durante entrevista à TV Mirante. Reprodução/TV Mirante O encontro entre os três poderes foi convocado diante da onda de violência registrada nas últimas semanas na Grande São Luís, envolvendo o conflito entre facções criminosas, que deixou sete mortos e mais de dez feridos desde o domingo (19). Segundo o governador, o objetivo da reunião foi alinhar ações entre os poderes e reforçar o policiamento e o monitoramento na região. Brandão destacou ainda que o avanço de facções criminosas é um problema nacional, mas que o Maranhão não enfrenta o mesmo nível de domínio observado em estados como Ceará, Piauí e Pará. “A gente teve essa crise recentemente dessas facções e a gente resolveu fazer uma reunião com todos os poderes, porque é importante que cada um tenha sua participação. A gente depende do Judiciário, depende do Ministério Público, depende do sistema de segurança do Estado e para isso fizemos esse grande alinhamento”, afirmou. O governador também disse que, nos últimos dois meses, mais de 2 mil integrantes de facções foram presos no estado. Só nesta semana, segundo ele, mais de 15 pessoas foram apreendidas e houve apreensão de drogas. Sobre denúncias de que presos estariam comandando crimes de dentro das penitenciárias, Brandão defendeu o sistema prisional do Maranhão afirmando que ele é o melhor do Brasil, segundo o Ministério da Justiça. “Eu posso assegurar que o nosso sistema prisional é o melhor do Brasil e isso é apontado pelo Ministério da Justiça. Todos os anos a gente tem uma premiação, uma competição, e o Maranhão sempre ganha o primeiro e segundo lugar... Eu posso assegurar que o nosso sistema prisional é um dos melhores do Brasil. Se existe alguma participação de algum preso (em crimes fora do presídio), é um caso muito isolado”, afirmou. O governador também explicou que cerca de 70% dos internos trabalham e que todos já foram alfabetizados. "Nós temos dois eixos de trabalho: hoje, cerca de 70% dos internos estão trabalhando, se ressocializando para voltar ao mercado de trabalho; e no eixo da educação, todos os presos já foram alfabetizados, inclusive 500 deles estão fazendo faculdade. Então, vários governos já mandaram os seus secretários para conhecer de perto como funciona. Nosso sistema é um sucesso. Nós temos capacitação desses presos, a gente tem oficinas de trabalho, são mais de 215 oficinas de trabalho", destacou. Brandão disse, ainda, que o governo está fazendo mais três penitenciárias para que haja espaço a todos os internos. A polícia tem apreendido muito bandido e, lógico, tem que ter lugar para colocar esses bandidos. O que a gente precisa é que a polícia esteja mais presente, prendendo, trazendo segurança ao povo do Maranhão”, concluiu. Prisões após onda de violência Desde o início da semana, onda de violência na Grande São Luís resulta na prisão de mais de 45 pessoas Divulgação/ Polícia Civil Mais de 45 pessoas já foram presas após o início da onda de ataques violentos na Grande São Luís, além da apreensão de mais de 20 armas de fogo e recuperação de veículos que haviam sido roubados ou furtados. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) nesta terça-feira (28). Segundo a SSP-MA, as forças de segurança do Maranhão realizaram, nesse domingo (26), novas ações na Grande Ilha que resultaram em prisões por tráfico de drogas e na recuperação de um veículo roubado. Não há informações sobre a relação entre essas prisões e a guerra entre faccionados. No bairro Sá Viana, em São Luís, quatro pessoas foram presas em flagrante por tráfico de drogas. A Polícia Militar chegou ao local após denúncia de venda de entorpecentes em uma casa. Os suspeitos foram levados à delegacia junto com o material apreendido. Também em São Luís, uma motocicleta roubada foi encontrada no bairro Morada do Sol. O veículo estava sem placa e foi encaminhado para identificação. No bairro Coroadinho, um homem foi preso por dívida de pensão alimentícia. Além disso, durante patrulhamento na Grande Ilha, a Força Estadual recapturou um foragido da Justiça. Ele tinha mandado de prisão expedido pela 1ª Vara de Cosmópolis, em São Paulo. Ainda segundo a SSP, as operações seguem com patrulhamento constante, barreiras, abordagens e incursões nos bairros. O objetivo é garantir mais segurança e tranquilidade à população. LEIA TAMBÉM: Noite violenta tem registros de disparos e tentativas de homicídio em São Luís Mortes, escolas fechadas e medo: veja a cronologia da onda de violência na Grande São Luís Criminosos assaltam clínica odontológica no Vinhais, em São Luís; veja momento do crime VÍDEO: Homem é morto a tiros ao voltar para albergue onde cumpria pena por homicídio, em São Luís Semana violenta na Grande Ilha Os primeiros casos de conflito entre facções começaram a ser registrados ainda no domingo (19) em São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, cidades localizadas na Grande Ilha. Somente no domingo, três pessoas morreram baleadas e outras três ficaram feridas. O ponto alto da semana violenta foi o ataque a tiros que deixou um jovem morto e cinco pessoas feridas no bairro Cidade Operária, na capital maranhense. As vítimas estavam na porta de um estabelecimento quando criminosos armados chegaram em um carro disparando contra eles. Bairros atacados na Grande São Luís Arte/g1 Eduardo Lemos Martins, de 19 anos, foi atingido no tórax e morreu após ser socorrido. Os suspeitos fugiram em direção à Cidade Olímpica. Quatro dos cinco feridos foram socorridos e levados por meios próprios ao Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão II), na região da Cidade Operária, antes da chegada da Polícia Militar. Moradores pedem segurança Em São Luís, cidade mais afetada pela onda de violência, os crimes aconteceram em mais de 10 bairros. Houve registros de homicídios, tentativas de homicídio e tiroteios nos bairros Cidade Olímpica, Cidade Operária, Tibiri, Bairro de Fátima, Liberdade, Vila Magril, Monte Castelo, Vinhais, Vila Janaína, Residencial Maria Aragão, Vila Vitória e Vila Palmeira. A região da Cidade Operária, Cidade Olímpica e Jardim América foi uma das mais afetadas pela onda de violência. Na sexta-feira, moradores do Jardim América, protestaram pelo aumento da violência e pelo assassinato do jovem Eduardo Lemos Martins, de 19 anos, morto em um dos ataques. Parentes e amigos de Eduardo Lemos Martins bloquearam alguns pontos da Avenida Principal do Jardim América na manhã desta sexta-feira (24). Reprodução/TV Mirante Ainda na sexta-feira (24), moradores da região se reuniram com o secretário de Segurança, representantes do Centro Tático Aéreo (CTA), Polícia Civil e Militar pedindo por mais segurança. Dentre os participantes da reunião, estavam familiares de Eduardo Lemos, um dos mortos no ataque. “Ali é a nossa segurança que nós estamos pedindo. A dor é minha, é da mãe do Eduardo. A gente só quer justiça, só isso”, disse uma das moradoras durante o encontro. Após a reunião, as forças de segurança prometeram aumentar o efetivo policial em pontos e horários estratégicos do bairro. Quem são os mortos? Desde o domingo (19), sete pessoas morreram em meio à onda de violência registrada na Grande Ilha de São Luís. Veja, abaixo, quem foram as vítimas: São José de Ribamar (MA): Mateus Ribeiro Costa, de 27 anos, foi executado com tiros na cabeça e no tórax por ocupantes de um carro prata no domingo (19); São Luís (MA): Um homem de 26 anos, não identificado, foi morto a tiros no bairro Tibiri, na capital, no domingo (19); São Luís (MA): Um grupo foi alvo de disparos na Rua 17. Taivisson Amaro, de 18 anos, morreu no domingo (19). Outros três homens ficaram feridos. São Luís (MA): Lucas Felipe Vianna Azevedo, de 26 anos, foi morto a tiros durante a madrugada. Os suspeitos estavam em um carro modelo HB20 cinza e fugiram após o crime. Lucas foi levado ao Socorrão I, mas não resistiu. O crime foi na segunda-feira (20); São Luís (MA): Um adolescente de 17 anos foi morto a tiros na segunda-feira (20); São Luís (MA): Eduardo Lemos Martins, de 19 anos, foi atingido no tórax e morreu na terça-feira (21) após ser socorrido. Os suspeitos fugiram em direção à Cidade Olímpica. São Luís (MA): Janilson Pereira Ramos, de 43 anos, foi morto a tiros ao retornar para o albergue onde cumpria pena por homicídio na quarta-feira (23) A polícia investiga se o crime foi motivado por vingança. O que dizem as autoridades? Guerra de facções fecha escolas e universidades em São Luís O secretário de Segurança Pública do Maranhão, Maurício Martins, afirmou que o sistema de segurança pública não vai se intimidar com nenhum tipo de desordem e que a Polícia Militar está nas ruas, a Polícia Civil investiga os casos e o Serviço de Inteligência está fazendo levantamentos. Ele afirma que não houve ocorrência de ataques em escolas e universidades públicas e particulares, nem no entorno delas. Portanto, não há nenhum problema relacionado à presença dos alunos e professores em sala de aula. Além disso, Maurício Martins afirmou, durante entrevista à TV Mirante, que a legislação brasileira é frágil no combate às organizações criminosas. Ele criticou o fato de criminosos serem soltos rapidamente após a prisão. Segundo Martins, o sistema de Justiça está limitado por leis que protegem mais os criminosos do que os cidadãos, o que dificulta o enfrentamento das facções criminosas.